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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Absurdo

“Dança do poste para Jesus”?

Minha [do Mark Oppenheimer] amiga Rachel, uma advogada das liberdades civis, me enviou o link na semana passada. Eu cliquei e vi uma reportagem de TV local do Texas. “Os movimentos de dança antes reservados para clubes de strip-tease estão sendo adotados por mulheres devotas”, afirmava o apresentador. O repórter então nos apresenta Crystal Deans, uma ex-stripper que oferece aulas gratuitas de “pole dance” (dança do poste) para as mulheres que decidem por seu curso, oferecido na igreja para melhorar a forma de sua vida, em seu estúdio em Spring, Texas, nos arredores de Houston. A “Dança do poste para Jesus” é irresistível. As aulas de Deans foram mostradas na televisão e jornais de todo o país, além de websites, incluindo AOL, Huffington Post e, por qualquer motivo, o The Advocate, uma revista popular entre leitores homossexuais. Mas por quê? Os Estados Unidos são o país onde as pessoas fazem dieta por Jesus, lutam boxe por Jesus, apostam corrida por Jesus, jogam golfe em miniatura por Jesus. Na verdade, uma busca no Google por qualquer hobby e a frase “por Jesus” resultará em uma comunidade alegando que o passatempo é feito em nome do Senhor.


O filósofo católico Charles Taylor, autor de A Idade Secular, identifica essa santificação daquilo que é particularmente comum como algo tradicionalmente protestante: Por que não tentar encontrar Deus no ato de fazer manteiga ou dar de mamar aos filhos? Clérigos e comerciantes têm aproveitado à sua própria maneira esta noção de que Deus pode ser encontrado no mundano. Assim, os pregadores usam praças de alimentação ou aulas de pilates para levar adoradores para suas igrejas, enquanto comerciantes vendem produtos rotulados como cristãos para atrair compradores. Mas a maioria dessas misturas entre sagrado e profano não chega ao noticiário nacional. Assim a dança do poste para Jesus se tornou algo tão irresistível para todos.


As pessoas sempre gostam da promessa de ver alguma pele. Mas há um algo a mais quando a pele pertence a uma cristã, pois se presume ser uma boa garota que ficou má - o tipo de garota que, para citar a canção de blues, vai à igreja no domingo e passa a segunda-feira no cabaré. Mas essa história também atrai pela suspeita de hipocrisia – como todo mundo é hipócrita, é delicioso poder ver a hipocrisia nos outros.


Como, nos perguntamos, uma mulher pode girar em um poste e afirmar ser cristã? Não importa que a dança do poste seja hoje comumente encontrada em academias. O tipo de mulher que sabe esses movimentos certamente não pode ser moral. Que ela chame a dança de cristã é demais, somos levados a pensar. [...]



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